ASTEYA - De onde vem a sua insatisfação
Nesse ponto dos sutras lidamos com uma das maiores causas de desconforto do ser humano, a insatisfação consigo mesmo. Asteya, traduzido como “não roubar” é uma observância que nos ajuda a perceber quando entramos no estado de "cobiça", ou seja, quando nos perdemos da satisfação do que já somos e do que já temos no momento presente.
O roubar pressupõe que tomemos (ou tão prejudicial quanto, “queiramos tomar”) algo que não nos pertence, nesse ponto, o desconforto da inveja já está ativo dentro do indivíduo que não se sente satisfeito em sua própria natureza precisando buscar fora de si algo que preencha sua indecifrável carência. Ter metas e objetivos de crescimento e evolução podem ser perfeitamente saudáveis quando sabemos nos aceitar e nos contentar com o que somos e com o que temos enquanto caminhamos rumo a essas conquistas. ..
Asteya pode se referir tanto ao nível material como também ficar no mundo das idéias ou do comportamento. O status ou qualquer outra discriminação que diferencie os seres nesse nível ilusório é também fonte de perturbação despertando a sensação de “competitividade” dentro de nós. Na medida em que nos situamos inferior ou superiormente aos outros (incluindo aqui nosso ambiente e tudo que o compõe) nosso ego predomina levando à distorção de nossos valores essenciais (à insatisfação).
E a partir do momento que nos perdemos de nossa verdadeira referência interior é como se nos sentíssemos “roubados” finalmente...como se precisássemos compensar esse vazio através do acúmulo de bens, sensação de posse sobre as pessoas, controle sobre os acontecimentos tentando criar assim uma falsa noção de segurança que nos conforte.
Sobre isso tem uma ótima citação que diz:
“Há duas maneiras de ser rico: possuir muito ou contentar-se com o que se tem”
Este é o espírito de asteya, fazer bom uso do que se tem hoje, no momento presente, sem se ressentir do que já tivemos um dia e perdemos, ou talvez de algo que sempre quisemos sem nunca ter tido...o mesmo vale para as projeções que colocam nossa felicidade na condição de um acontecimento ou estado ideal futuramente...em ambos os tempos não estamos exercitando nosso direito à presença, fonte de percepção apurada e expandida, de satisfação.
Isso também vale para a o momento da prática “física” do yoga, durante os ásanas. É justamente nesse momento que aprendemos através do corpo a nos aceitar entre nossas potencilidades e fronteiras. O momento da prática sobre o tapete de yoga nos ensina a buscar o conforto e a estabilidade em cada circunstância sem competitividade. Sem querer ser o que não somos, apenas desfrutando do que aquele momento proporciona e nele encontrando o real contentamento.
Portanto use não só o momento da sua aula mas também todos os outros momentos da sua vida como uma oportunidade de agradecimento pelo seu presente, procure ver o lado positivo e privilegiado de cada situação do seu cotidiano e dentro de você faça os ajustes que mantenham você numa vibração elevada de contentamento, em um estado de harmonia; em um estado de yoga.